quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Aposentar a urna eletrônica!

A volta das urnas de lona!


A derrubada do veto presidencial sobre o projeto antes aprovado para a obrigatoriedade do voto impresso, ao mesmo tempo em que atende ao clamor popular por transparência na manifestação e desejo do eleitor, traz uma série de problemas e obstáculos à concretização desse anseio tendo em vista exigir inúmeras mudanças e alterações de caráter técnico, legal e prático. O presidente do T.S.E. Dias Tofolli não escondeu sua contrariedade face à aprovação e anunciou que para as eleições municipais de 2016, tudo permanece como está. É óbvio que esta mudança radical da forma de se votar, irá exigir do T.S.E. vultuosos investimentos para se adequar essa nova urna para receber o voto físico em papel o que demandará muitas mudanças na legislação, na operacionalidade e na ação dos mesários que trabalham nas secções eleitorais. Com esta crise na economia, certamente o tribunal não dispõe de recursos orçamentários para levar à diante estas mudanças de caráter tecnológico, de informação e da própria rotina estabelecida em lei. Certamente a legislação eleitoral terá que ser alterada naqueles itens que são relacionados com a rotina da votação, apuração e proclamação dos eventuais eleitos.

Esperam-se muitos problemas com a adoção dessa urna paralela na hora do eleitor manifestar o seu desejo. Imaginem a cena daquele eleitor pouco esclarecido que após votar, confere no papel que não foi daquela forma que ele desejava votar. Quer mudar seu voto! E aí? Poderá fazê-lo? Como deverá se comportar o presidente da secção?! Anula a votação e manda o eleitor retornar à cabine?! Quantas vezes isso será possível?! Presume-se que haverá muitos questionamentos na hora do voto. E se o eleitor desobediente quiser levar consigo o papel impresso?! Estará configurada a violação do sigilo do voto. E aí?! Como procederá o presidente da secção eleitoral?! Certamente haverá muita confusão, muito tumulto, já constante por causa da presença de eventuais fiscais partidários sempre dispostos a brigarem por seus partidos. Certamente isso contribuirá para atrasos na fila de votação diante de eventuais impasses surgidos, exigindo muita ação e pulso firme dos mesários e do presidente da secção. A polícia terá que redobrar sua presença nos corredores, pois este novo componente da votação, o voto impresso irá gerar inúmeros questionamentos e as acusações de fraudes comuns nos períodos eleitorais.

O advento do voto impresso também trará muitos questionamentos como pedidos de recontagem dos votos, pois a maioria, a unanimidade dos candidatos e partidos não se darão por vencidos, exigindo a recontagem junto à Justiça Eleitoral, que terá redobrado o trabalho de apuração e proclamação dos eleitos. Havendo agora este mecanismo físico de se comprovar ou não que a urna falhou, não registrou o voto de acordo com a vontade do eleitor, esse processo ganhará contornos impensáveis e imponderáveis com os partidos valendo de seus assessores jurídicos para exigirem a recontagem dos votos. Diante dessa situação anômala, diante desse clima de confusão que vai gerar atrasos, é preferível aposentar de vez as urnas eletrônicas e se ressuscitar as falecidas urnas de lona que por décadas cumpriram bem o seu papel de manifestar a vontade do eleitor. Esse casamento entre urna eletrônica e seu acessório físico não vai dar certo. O melhor caminho e mais econômico, é a volta das urnas de lona. 

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