sexta-feira, 22 de maio de 2015

A abominável reforma política:

É possível crer numa reforma política séria?


Os congressistas estão debruçados sobre um novo projeto de lei que visa reformar o modelo político hoje vigente no Brasil. Temos uma enorme preocupação, pois pelo que se tem lido na mídia em geral, a tal reforma a ser proposta poderá ficar pior que esta em vigor. O presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB) age como um verdadeiro trator, derrubando tudo em sua frente e impondo com a maioria, sua vontade, que nem sempre é a vontade expressa da maioria do povo e sim visa acomodar interesses muitas vezes escusos dos próprios parlamentares.

Uma das maiores aberrações legais existentes hoje no modelo, é a figura do suplente de senador da República. Normalmente ninguém conhece ou sabe quem é o suplente deste ou daquele senador. Uma figura sombria, eleita sem um voto sequer, assume o posto de senador geralmente na ausência ou morte do titular. Na maioria das vezes, o candidato ao Senado, coloca como suplentes, a própria esposa, filhos, parentes e, via de regra, um empresário rico que certamente financiou a campanha.

Defendemos que a reforma em curso, contemple a figura do senador sem a necessidade de suplência. Na falta ou morte do titular, deveria assumir o candidato imediatamente mais votado, seja de qualquer partido. Isto sim representaria a vontade popular e acabaria com esta perniciosa prática de se “presentear” com um longo mandato de oito anos, um ilustre desconhecido. Sendo mais radical, defendemos até mesmo a extinção do senado federal tendo em vista que na prática, funciona como mero grupo de chancela dos atos dos deputados federais. Até a Itália estuda hoje extinguir o senado daquele país.

Eduardo Cunha defende a introdução de um sistema de votação para deputados, chamado “Distritão”. É, segundo especialistas políticos, um enorme retrocesso. Tão arcaico tão draconiano que só existe similar no Afeganistão e Jordânia! Pasmem! Defendo o voto distrital misto que obriga o parlamentar a ter raízes, compromissos com suas bases eleitorais, os distritos. Assim, contribui para acabar com essa praga conhecida como “candidato paraquedista”, que vem apenas nas épocas das eleições, arrebanhar votos e some. Evita também, que o povo vote em candidatos tipo “Tiririca”, geralmente artistas famosos usados por partidos para se elegerem e arrastarem consigo ilustres desconhecidos sem voto.

O financiamento das campanhas é outro ponto nevrálgico nesta discussão. Não há consenso. O apoio financeiro que grandes empresas e grupos empresariais dão aos partidos e aos políticos tem sido a razão básica, crucial da corrupção no país. Financiam campanhas, mas depois cobram através da propina. Como bem disse o delator do escândalo do “Petrolão”, Paulo Roberto Costa – “ não há almoço de graça”! Cria-se um relacionamento incestuoso entre partidos, candidatos e empresários e isso resulta no superfaturamento de obras, desvios de dinheiro público, etc. O país está cansado dessas denúncias diárias na imprensa.

Outra questão que a reforma em curso poderia implantar, seria por um fim nessa prática de eleições a cada dois anos. Entendemos que os prefeitos e vereadores a serem eleitos em 2020 tenham os seus mandatos estendidos, ampliados em dois anos para coincidir em 2022 com o mandato de governadores e do presidente da República, senadores, deputados federais e estaduais. Assim, a partir de 2022, ocorreria uma eleição geral, de vereador a presidente, escolhendo-se ainda os demais cargos. Com isso, o TSE economizaria milhões com um pleito a cada quatro anos e se acabaria com esse vício de um político se candidatar num pleito já de olho no seguinte e, na maioria dos casos, deixando de cumprir regularmente o mandato para o qual foi eleito, foco comum de corrupção na política. 

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