terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Papa argentino, Deus brasileiro!

O Papa é argentino, mas Deus é brasileiro!



Abuso de autoridade, carteiras, furar filas, exibir hierarquia e a célebre frase – “Você sabe com quem está falando?!”, são atitudes, gestos mal vistos e condenados por toda a sociedade, mormente num país que se diz democrático, onde deve prevalecer o Estado de Direito, onde aquela máxima constitucional deve ser a tônica – “todos são iguais perante a lei”. O problema é que alguns são mais iguais! Sintomas de uma sociedade capenga, doente, impregnada de desvios de condutas impertinentes, inoportunas e acima de tudo condenáveis, execráveis. Atitudes próprias de regimes fechados, sociedades provincianas, arcaicas, dominadas por um espírito de poder inexistente e exacerbado.

Dois episódios recentes no país trazem à luz essa discussão que se pensava estar sepultada, mas o ranço imperialista, o desejo de mostrar-se superior, acima dos demais, mostrou que pessoas que deviam servir de exemplos de conduta, exemplos de como se proceder publicamente, jogou na lama a imagem de toda uma categoria de servidores públicos, afinal, o juiz, o magistrado é, como qualquer outro, um servidor público, alguém que, por meio de um concurso público, ascendeu-se a uma posição de destaque, de realce, mas isso não lhe deu o poder, o direito de tripudiar sobre os humildes e exercer seu múnus público com exagero e abuso.

Tivemos o caso do juiz João Carlos de Souza Correia, do Rio de Janeiro, que, parado numa bliz policial, dirigia um veículo sem documentação e ele próprio também não portava documentos de identificação. Advertido por uma agente de trânsito, que cumpria seu mister, sentiu seus brios serem ofendidos e, deu voz de prisão à pessoa que, da mesma forma que ele, é servidora pública e cumpria seu dever. Este juiz processou a servidora que foi condenada a pagar-lhe uma multa de R$ 5 mil. O caso continua nos tribunais do Rio de Janeiro.

Agora, mais um caso de abuso de poder e autoridade, quando outro juiz, Marcelo Baldochi, de uma vilazinha do interior maranhense, chegou atrasado para o embarque, no momento em que a aeronave já fechada, se preparava para a decolagem. Procedimento técnico de segurança e rotina de qualquer aeroporto. Os funcionários jamais poderiam suspender o taxiamento, mandar abrir a porta do avião para que este “deus” brasileiro pudesse embarcar. Irritado, o juiz mandou prender três funcionários da companhia aérea.

Num país onde violar, desrespeitar a lei é algo corriqueiro, onde dar carteiradas nas portas de boates, bares, furarem filas nos mais variados lugares, virou uma rotina. O que surpreende que sendo dois juízes, dos magistrados que deviam sob todos os aspectos serem exemplos de caráter, de retidão pessoal e funcional, agem de forma a denegrir a imagem de uma das categorias funcionais que a cidadania confia. Esses dois magistrados, já estão sendo investigados e o CNJ precisa aplicar-lhes uma punição exemplar, afinal de contas, abusaram, extrapolaram de suas funções num lugar e num momento completamente inadequado, violando a lei e expondo humildes servidores públicos à execração, à humilhação. 


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