Mais um modismo surge no horizonte das
grandes cidades e se espalha para o interior – o rolêzinho. Ação criada por
grupos de jovens da periferia, que, através da internet marcam encontros para
invadirem os shoppings centers
provocando tumulto, correria, agressões, praticando furtos, arrombamentos e
criando um clima de pavor entre os frequentadores destes espaços. Os shoppings, uma invenção americana,
vieram dar oportunidade para as pessoas irem num local onde encontram diversos
tipos de serviços, como lojas de renomadas marcas, lanchonetes, cinemas,
teatros, casas de shows, lotéricas, bancos, correios, lojas de modas e
calçados, perfumarias, farmácias, área de lazer e diversões infantis e outros. A
grande atração desses espaços é sem dúvida a tranquilidade e segurança,
conforto estacionamento e a praticidade que oferecem. O shopping
center por sua natureza jurídica e comercial, é uma área privada,
particular, com horários estabelecidos para abertura e encerramento de suas
atividades e serviços. São espaços de iniciativa privada, mas abertos ao
público consumidor que fica sujeito às normas internas de funcionamento.
Logo, esse movimento que surgiu, os
tais rolêzinhos, ferem a lei por invadirem de forma truculenta e agressiva o
espaço, mesmo que nada façam em termos de quebrarem algo ou furtarem, criam
pavor e medo entre os presentes, provocando danos e prejuízos, na medida em que
afastam estas pessoas, os consumidores, usuais, já amedrontados no cotidiano
das cenas violentas que estamos vivendo atualmente devido à insegurança nas
cidades de um modo geral. Alegar que tais movimentos tem o direito de ingressar
no espaço por causa da faculdade de ir e vir de todo cidadão é um erro, uma
violação constitucional, visto que a lei garante o direito à propriedade. Não
se pode confundir o direito de ir e vir com o direito de se invadir a
propriedade particular. Ninguém está impedido ou proibido de adentrar aos
shoppings ou qualquer outro local, mas é um imperativo legal, a obediência aos
regulamentos internos bem como o respeito ao direito de todos, à boa
convivência social e a tranquilidade de cada um. Adentrar um espaço como um shopping center em desabalada carreira,
subindo e descendo as escadas em atitude agressiva, provocando pânico e
trazendo o medo às pessoas presentes, certamente não é atitude correta de
pessoas civilizadas e educadas.
Este fenômeno provocou logo uma ampla
discussão acadêmica, social, política e governamental. É uma novidade. O
governo que controla a polícia não sabe como lidar com esse movimento. A
maioria que participa é jovem, geralmente oriunda da periferia, ansiosa por
espaços, lutando para ser reconhecida como cidadãos com direitos na sociedade.
Não vamos nos enganar. Vivemos num país onde a desigualdade social é gritante e
abissal. Muitos ganhando pouco e poucos ganhando muito. Esses jovens querem ser
parte dessa parcela consumista. O shopping
é o santuário dedicado ao consumo, à modernidade. É o local onde fica
evidente a separação das castas sociais. Todos tem o direito de ir ao shopping center, mas é preciso levar em
conta que os comerciantes ali instalados pagam um condomínio para ocuparem
espaços e venderem seus produtos e serviços. Os comerciantes esperam que as
pessoas que frequentam aquele próprio, gastem, consumam e paguem pelos serviços
ali prestados. Ali não é definitivamente uma praça pública onde normalmente os
únicos comerciantes são pipoqueiros, sorveteiros, etc. que não pagam nenhum
imposto ou tributo. O shopping é diferente.
Ir lá apenas passear, paquerar, namorar, ficar circulando prá lá e prá cá,
subindo e descendo escadas, usando os sanitários, certamente não é o que os
comerciantes, os lojistas esperam, aliás, as escadas e elevadores em
funcionamento, consomem energia elétrica e os sanitários, para permanecerem
sempre limpos, precisam de funcionários e materiais de limpeza. Tudo isso custa
dinheiro. Assim, razão assiste aos proprietários desses estabelecimentos em
impedir que esses jovens, rebeldes sem causa, muitos desocupados, outros
arruaceiros e baderneiros, além de eventuais criminosos infiltrados e
acobertados, serem impedidos de entrarem no espaço. Equivocados e
mal-intencionados estão aqueles que defendem a liberalidade e esse indevido
direito de ir e vir.
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