PMDB se rebela contra Dilma e ameaça eleição!
Em que pese o esforço pessoal
do vice-presidente da República Michel Temer, em manter a união com PT, o seu partido – PMDB tem força
suficiente para emparedar o PT junto à parede e isso o PMDB sabe fazer muito
bem. O comportamento da agremiação que, graças à astúcia e garra conseguiu este
ano emplacar a presidência das duas Casas congressuais — Renan Calheiros, no
Senado Federal e Carlos Eduardo Alves, na Câmara Federal, ambos nordestinos,
ambos com força e poder de gestão sobre outros partidos.
O PMDB já ensaia afastar-se do
PT e do governo Dilma há algum tempo. O senador Raup, líder do partido entende
que em 2018 poderiam lançar um nome genuinamente ligado ao partido. Se bem que
este PMDB não te nada a ver com aquele antigo MDB criado e inspirado em Ulysses
Guimarães. O partido cresceu de tal forma que perdeu sua identidade natural, perdeu-se
nos descaminhos das coligações movidas por meros interesses regionais, a sede
pelo poder, a gana por cargos públicos.
O nome de Marina Silva e sua “Rede
de Sustentabilidade” é outro assunto que tira o sono de Dilma Rousseff e do próprio
Lula. Marina Silva abocanha grande parte do eleitorado hoje calculado em cerca
de 10% até 15%, números estes capazes de provocar o Segundo Turno das eleições
e, caso isso aconteça, só Deus sabe o que pode vir. Eduardo Campos, e seu PSB apresentam
no Sudeste, a imagem de bom gestor e seu partido cresceu muito nos grotões e,
somado aos votos de Marina Silva, sem contar ainda Aécio Neves e o PSDB, hoje,
nenhum analista político tem a segurança para afirmar a real situação, o
momento em que se dará o pleito em outubro de 2014.
O estremecimento da relação
entre PT e PMDB no Congresso reflete e contamina a formação de palanques
estaduais que darão sustentação ao projeto de reeleição da presidente Dilma
Rousseff. Apesar da entrada do vice-presidente Michel Temer (PMDB) e da própria
petista na costura de alianças regionais para 2014, peemedebistas resistem a se
aliar ao PT em Estados estratégicos e ameaçam se coligar com o PSB, do
governador de Pernambuco Eduardo Campos, provável candidato à Presidência.
Em Estados onde a situação azedou, o PMDB já usa a aproximação
com Campos como uma forma de emparedar o PT. O discurso em favor do
pernambucano passou a funcionar como ferramenta de pressão contra os petistas,
com um único objetivo: obter condições mais favoráveis de negociação nos
Estados.
O principal foco de insatisfação com o PT começou no Congresso.
Ficou evidente durante a aprovação da MP dos Portos na Câmara e, depois, na
apresentação do pedido de abertura da CPI da Petrobras. Deputados reclamam da
articulação política da presidente e defendem, nos bastidores, a candidatura de
Campos. "Ele será o novo presidente da República. Há um grande desgaste
com o PT", declarou um parlamentar do PMDB.
Na eleição presidencial de 2010, o PMDB também ameaçou se rebelar.
A diferença é que, agora, há uma alternativa ao PT dentro do campo governista,
com Campos, o que garante aos peemedebistas uma tentativa de amenizar a cisão:
o apoio não é para o PSDB, da oposição, mas para um partido aliado à própria
Dilma.
A presidente, que não costuma entrar diretamente na costura
política, começou a agir para apaziguar a aliança. Viajou a Estados em que a
relação não estava boa, participou de jantares com bancadas estaduais e até
interpretou o Canto Alegretense, num ato de simpatia com os peemedebistas
conflagrados do Rio Grande do Sul.
O discurso peemedebista pró-Campos está mais vitaminado em
Estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pernambuco,
Rondônia e Bahia. O PMDB e seus caciques sabem dessa força capaz de se propagar
por todo o país e ameaçar seriamente a governabilidade hoje além de por em
risco as pretensões petistas de manter o governo Dilma por mais quatro anos.
Não será tarefa das mais fáceis para a presidente domar o ímpeto e a fome por
cargos, poder e verbas com que o partido avança sobre seu governo. Este é o
PMDB. (Sobre um texto do jornal O ESTADO DE SÃO PAULO - 1º/6/13)
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