O novo mapa político-eleitoral do Brasil
Após o rescaldo eleitoral, já se
pode ter uma noção clara dos perdedores e vitoriosos sobre os resultados das
eleições municipais deste ano e, se projetar uma visão daquilo que os números apontam
com vistas ao pleito nacional em 2014. De uma maneira geral, o partido que mais
cresceu proporcionalmente em nível de Brasil, foi o PSB – Partido Socialista
Brasileiro, fundado pelo lendário líder pernambucano, Miguel Arraes, cujo neto,
Eduardo Campos, hoje governador daquele
estado, aos poucos, em silêncio “à lá mineira”, conseguiu expandir o partido
por todo o país, elegendo prefeitos em cidades expressivas e, principalmente em
Recife e Belo Horizonte, onde o PSB se uniu até aos adversários do PT, deu uma
rasteira no Lula, impondo sério revés aos planos petistas. Eduardo Campos
influenciou inclusive na própria sucessão da capital paulista, onde a deputada
federal Luiza Erundina que é de seu partido chegou a ser escolhida para ser a
vice de Haddad, saltando fora do barco petista depois da indigesta aliança com
Maluf. De qualquer maneira, Eduardo Campos que em São Paulo era presumidamente aliado do tucanato de Alckmin, fez seus liderados
deixarem os cargos no governo paulista, aliando-se ao PT, contudo a aliança não
vingou-se muito por conta da saída de Erundina, mesmo assim, o governador
pernambucano mostrou que sonha alçar vôos mais altos. Em Recife, o PT perdeu
para o PSB de Eduardo Campos e em Belo Horizonte, o PSB se uniu ao PSDB de
Aécio Neves. Vai entender essa salada política muitas vezes incoerente, mas os
interesses regionais prevaleceram. O que Eduardo Campos fará daqui para 2014, é
uma incógnita nesse tabuleiro do xadrez
político, mas ele assustou o Planalto, assustou o PT e o PMDB que esta
semana seus líderes se reuniram num
jantar com a presidente Rousseff para costurarem os primeiros acordos visando
manterem a aliança básica do governo entre o PT e o PMDB, indicarem desde já o
nome do senador Renan Calheiros (PMDB-Alagoas) como sucessor de Sarney na presidência
do Senado e, o nome do eterno deputado Carlos Eduardo Alves, do PMDB do Rio
Grande do Norte que deve estar cumprindo o seu décimo mandato, para presidir a
Câmara Federal. Querem os aliados sinalizarem ao PSB de Eduardo Campos, os
rumos que os governistas vão tomar.
Num rápido olhar sobre o novo
mapa político, podemos ver que PT e PSB foram os partidos que mais cresceram,
ampliando o número de prefeituras e também no contingente eleitoral. O PT ficou
com as seguintes capitais – São Paulo,
Rio Branco, João Pessoa e Goiânia. Já o PSB, abocanhou Recife, Belo Horizonte,
Fortaleza, Porto Velho e Cuiabá. Dando assim maior visibilidade nacional ao
partido. O PSD de Kassab ganhou em
Florianópolis. O PDT ficou com Natal, Curitiba e Porto Alegre. O PSOL levou Macapá. O PSDB elegeu em Belém, Manaus,
Maceió e Teresina. O PMDB ganhou em Boa Vista e Rio de Janeiro. Mas, como o
PMDB e PT ainda dominam o cenário no congresso, terão fôlego para atravessar
esses dois anos até a próxima eleição. A oposição de forma geral enfraqueceu
ainda mais. Hoje não há um nome sequer para fazer frente a Dilma Rousseff na
busca pelo Planalto. O PSDB errou em São Paulo ao lançar Serra. Deveriam ter
segurado Chalita que foi defenestrado do partido por Serra que passa o trator
sobre todos. Isso vai custar caro em 2014. Se Lula de fato disputar a eleição
para governador de São Paulo, o enterro do PSDB será fato consumado. Alckmin não será candidato à reeleição, talvez dispute o Senado. Aécio
Neves é o único nome com bom trânsito, mas tem restrições. José Serra está mais
prá candidatar-se à alguma vaga de mordomo de filme de terror ou trabalhar no
castelo do Conde Drácula, na Transilvânia. Candidatar-se talvez para deputado
federal. Tem hoje uma imensa rejeição notadamente no setor do funcionalismo
estadual.
Circulam em Brasília, nos
bastidores políticos que as expressivas vitórias do PSB fizeram com que Eduardo
Campos sonhe em deixar a posição de simples coadjuvante no cenário nacional,
passando a ator principal. Correntes já
apontam seu nome para disputar a presidência
ou sair como vice de Aécio Neves. O Planalto aponta na direção de que
Dilma Rousseff disputará sua reeleição ao lado do atual vice, Michel Temer.
Essa posição hoje tem o aval de Lula, que afinal de contas tem sempre a palavra
final no âmbito do PT. Com a retumbante vitória de Fernando Haddad, Lula saiu
ainda mais fortalecido e ninguém ousaria contrariá-lo. Sobre Lula, um forte
indicativo é que ele será o candidato ao governo de São Paulo. O PT,
fragilizado com seus mais importantes líderes paulistas condenados no STF por conta do Mensalão, praticamente está órfão. Setores da mídia apontam o nome do
atual ministro da Saúde, Alexandre Padilha como provavel candidato do PT, mesmo
tendo o fato de nunca ter disputado um cargo eletivo. Mas, com a eleição de
Dilma em 2010 e agora Haddad, indicados por Lula e vitoriosos, acreditam que
esse fato poderia repetir-se em nível de estado. Isso deixaria o PT
extremamente fortalecido, mantendo o controle da prefeitura da maior e mais rica
cidade e do próprio país reelegendo Dilma. Mas, penso que Lula não ficará muito
tempo longe do poder, sem deter um cargo. Com o crescente desgaste do PSDB por
conta do Serra e o fato dos tucanos já estarem governando São Paulo há quase 20
anos, é chegado o momento de se trocar o comando do Palácio dos
Bandeirantes. O PT consolidaria sua
posição nacional mantendo em grande parte dos estados da federação, as alianças
já existentes.
O DEM – Democratas, em que pese a
grande vitória de ACM Neto em Salvador, derrotando o PT e ampla coligação, foi
o partido que mais encolheu, perdendo inúmeros deputados e prefeitos agora, principalmente por conta da debandada para o
PSD do Kassab, que aliás, teve um desempenho interessante em muitos estados
especialmente em São Paulo, onde elegeu um número considerável de vereadores, o
que obrigará Fernando Haddad a sentar-se com o futuro ex-prefeito Gilberto
Kassab para conseguir uma folgada maioria na câmara paulistana. Coisas do
destino, coisas da política. Kassab, ex-DEM derrotou Marta Suplicy e foi
massacrado e execrado pelos petistas raivosos que até puseram em dúvida sua
masculinidade. Hoje, espertamente Kassab domina um partido, o PSD que o PT terá
que agradar, namorar para conseguir obter maioria entre os vereadores. Nada que
boa$ conver$a$ e acordo$ não re$olvam. Oriundo
do antigo PFL e de setores reacionários que sustentaram o regime militar, o
DEM de ACM Neto meio modernizado e
isolado pelas centenas de defecções, até
ano passado sinalizava que por uma questão de sobrevivência, poderia fundir-se
ao PSDB. Mas, o novo prefeito de Salvador dá mostras de civilidade e maturidade
política, anunciando que irá conversar com Dilma e com o próprio Eduardo
Campos, nova estrela política do nordeste e do Brasil. O PMDB continua sendo o partido que mais
controla prefeituras brasileiras, algo em torno de mil, contudo, perdeu espaços
nos grandes centros e capitais. Manterá sua posição de coajuvante e “estepe” do
PT, esperando, quem sabe pela morte da Dilma para assumir o poder. O PSDB
elegeu o ex-senador Arthur Virgilio
Neto, prefeito de Manaus, antigo desafeto do PT quando líder dos tucanos no
Senado, mas em nível nacional, ser prefeito de Manaus, pouco representa.
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