Um desfilar de ataques pessoais e
muita baixaria
(Foto: FOLHA DA REGIÃO)
Nos ensina o grande mestre Aurélio
que “debate
é troca de ideias em que se alegam razões prós ou contra, com vistas a uma
conclusão...” . Em que pese todo o esforço da FOLHA DA REGIÃO em
patrocinar o debate entre os prefeituráveis de Araçatuba, essa máxima não foi
levada em conta. Se debater é discutir, trocar ideias alegando razões prós e
contras com vistas a uma conclusão. Naturalmente, essa conclusão deveria, seria
a explanação de propostas eleitorais com vistas a convencer o eleitorado na
busca de se obter o voto. Mas, para quem assistiu ou ouviu o aguardado debate
nesta semana, ficou apenas a imagem triste, deplorável de um desfilar de
agressões pessoais, uma baixaria digna daqueles piores programas do mundo cão
que a TV nos brinda. Sidney Cinti e Dilador Borges, esqueceram as mais simples regras da boa
convivência, das relações humanas, do bom trato e da elegância de homens
públicos e protagonizaram cenas deploráveis e dispensáveis ao vociferarem
diatribes , acusações levianas de caráter pessoal, familiar que com certeza
nenhum só eleitor estava interessado em saber e que em nada influi no
desenvolvimento e na administração da cidade.
Cinti que já foi prefeito, parece
ter saído de algum sarcófago, sequer mora em Araçatuba. É uma figura política
ultrapassada. Seu tempo se foi. Depois dele nasceu uma nova geração que não o
conhece e provavelmente ele nem se elegeria vereador pois seu suposto
eleitorado igualmente se perdeu no tempo. Seu partido é daquelas siglas
nanicas, sem quadros que teve que colocar o próprio irmão como vice, numa
prática nefasta de puro clientelismo e nepotismo condenável. O partido é tão
insignificante que juntando todos, cabem num fusca e a convenção se realizou na
casa do vice. Apresenta apenas dois candidatos a vereança que ninguém os
conhece. Cinti veio apenas tumultuar, bagunçar o pleito eleitoral. Não tem
nenhuma chance de eleger-se, é um fanfarrão usual e escolheu como alvo, Dilador
Borges, que mesmo tendo conhecimento antecipado dessa situação, escorregou nas
palavras, baixou o nível do debate e perdeu-se nas acusações e críticas. O
confronto esperado com o prefeito Cido Sério não aconteceu. Não foi Cinti que trouxe
ao centro do debate a acusação que ronda de boca em boca de que Dilador agride
sua esposa. Foi o próprio Dilador Borges que de forma ingênua, inequívoca
levantou esta questão. Pior – acusou de forma subjetiva Cinti de “ter trocado
de esposa”. Era tudo que Cinti queria para incendiar o ambiente e partir para a
baixaria explícita com alegações pontuais sobre Dilador ser maçon, e que nunca
deu um cheque sem fundo...etc.
Por outro lado, Dilador Borges,
apesar de ser formado em Direito, não domina bem o tema pois não deveria fazer
acusações sem provas, sem sustentação, tanto que vem perdendo espaço no horário
de TV por conta disso. A assessoria de Dilador deveria melhor orientá-lo como
por exemplo, acusar Cido Sério de ter sido cassado por causa dos kits escolares
é um erro grosseiro. Tanto não foi cassado
que é candidato legitimamente registrado. Houve uma condenação do juiz
singular, monocrático que está agora em vias da instância superior. Isso é
pueril, só podemos impingir à alguém a
pecha de condenado, depois do “trânsito em julgado”, ou seja, nesta questão
tudo pode acontecer, inclusive nada. Outro erro – Dilador afirmar que “em minha
empresa eu procuro comprar o mais barato...”
O grande mestre em Direito Administrativo, Hely Lopes Meireles, ensinou
que “Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na
administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na
Administração Pública só é permitido fazer aquilo que a lei autoriza. A lei
para o particular significa ‘pode fazer assim’; para o administrador público
significa ‘deve fazer assim”. Nas compras feitas pela prefeitura, nem sempre
deve prevalecer essa ideia de ”mais barato”. Há princípios que regem as
licitações públicas que devem levar em conta além do menor preço, a melhor
técnica, o maior lance, a menor tarifa, etc. Dilador Borges demonstra total
desconhecimento ao fazer essa afirmativa de “comprar o mais barato”. Nem sempre
o mais barato é o melhor que interessa à Administração Pública. Dilador parece
estar seguindo a cartilha do prefeito biriguiense Wilson Borini que transformou
a prefeitura em algo seu, como se a administração municipal fosse um
prolongamento de sua empresa. Age de forma ditatorial, soberana e passa o
trator sobre todos, não ouvindo ninguém, nem mesmo a Câmara Municipal. Dilador
Borges é de fato um empresário de sucesso, qualificado em sua área de atuação,
mas será que é isto que interessa ao eleitor? A administração Pública deve
pautar-se na legalidade, na impessoalidade e demais princípios estabelecidos no
art. 37 da Constituição Federal. Ao assumir as rédeas da administração
municipal o prefeito deve despir-se de seus interesses pessoais, deve ouvir os
segmentos da sociedade, os vereadores, etc. Não nos parece que o discurso do
candidato tucano aponte esta direção.
E Cido Sério ? Blindado pela situação grotesca que se
apresentou, o prefeito foi ofuscado pelos gritos de Cinti e Dilador. Atacado
minimamente ainda teve direito de resposta assegurado pela organização do
debate para explicar-se. Foi só. Aproveitou os poucos momentos de exposição, e
tranquilamente falou de suas realizações e conquistas. Passou incólume do
lamaçal em que Cinti e Dilador se chafurdavam. Se alguém saiu vitorioso desse
embate sem dúvida foi Cido Sério. O candidato do PSOL, Boer, ilustre
desconhecido, apenas usou seu tempo para delirar, apresentar propostas
fantasiosas e incabíveis demonstrando claramente sua falta de conhecimento da
gestão pública. Desmerece maiores comentários.
O debate serviu apenas para trazer à luz, a certeza do despreparo de
homens, de cidadãos que anseiam conduzir os destinos de uma grande cidade, com
quase 200 mil habitantes. Despreparo este marcado pela frustração pessoal, pela
ambição desmedida, falta de humildade e imenso descontrole emocional diante de
situações extremas que se exigem dos homens públicos, serenidade, controle
emocional e acima de tudo, vocação para gerir a “res pública” de forma
equilibrada, coerente e responsável. Isso com certeza o debate não mostrou.
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