sábado, 25 de agosto de 2012

Eleições 2012:


Vereadores: Vamos tratar de números


Aberta a temporada do famigerado Horário Eleitoral Gratuito (imaginem se tivéssemos que pagar!), já se tem uma ideia da cara de cada um dos postulantes à uma cadeira na Câmara Municipal de Araçatuba. Dispensavel maiores comentários sobre os candidatos. A coligação pró-Dilador com 5 partidos, lançou apenas 46 nomes enquanto  que a coligação  pró-Cido Sério com 17 partidos, apresenta 96 candidatos. Por ai já se vê  enorme vantagem do grupo do atual prefeito que fatalmente fará entre 60 a 70% das cadeiras (num total de 12), ou seja, entre 7 a 8 edis. O grupo de Dilador (hoje oposição) matematicamente não conseguirá eleger  uma maioria, devendo manter o mesmo número atual, ou seja 4 edis. E a razão é muito simples, é lógica, incontestável. Com mais que o dobro de candidatos a vereador num universo de 17 partidos, o atual prefeito terá folga para arrebanhar mais votos e fazer um número maior para o chamado coeficiente eleitoral, havendo aqueles chamados candidatos puxadores de votos que ajudam garantir as últimas vagas para postulantes que não tenham atingido um número razoável de votos, ou seja, quem se candidatou do lado do atual prefeito, reúne maiores chances de chegar lá enquanto que o grupo de oposição terá imensa dificuldade impondo que o candidato tenha que obter um número bem mais alto de votos e mesmo assim correndo o risco de não se eleger, como é o caso do ex-vereador Dunga que fez um péssimo negócio, mesmo contra sua vontade, ao bandear-se para o lado de Dilador e não tendo seu partido, o DEM, coligado com o PSDB na proporcional. Na prática, um candidato do lado de Cido Sério, pode eleger-se com menos votos que Dunga que ficará de fora da próxima legislatura, a manter-se esta equivalência. E por quê isso acontece ?
O PSDB é visto como um partido de elite, de ricos e não conseguiu  abrir-se para a periferia. Desde a eleição de 2010, Dilador Borges encontrou imensa dificuldade para penetrar nos setores mais pobres da população, razão pela qual a candidatura de Edna Flor (PPS) como sua vice, foi de há muito, vista como um “passaporte” para atingir, para chegar no coração da pobreza. Durante mais de um ano, essa candidatura foi alimentada, construída, contudo, inexplicávelmente faltando um mês para as convenções partidárias, Edna Flor abandonou o barco tucano  e Dilador Borges  pego de surpresa não teve outra alternativa que não engolir  a indicação  de Clarice Andorfato, do DEM, quase que à “fórceps”, desagradando enorme parcela do PSDB e do próprio DEM, cujo presidente Dunga, desejava compor-se com o PT e não escondia este fato de ninguém. Dunga declarou semanas antes da convenção  – “sou Cido Sério e na abro”. Há quem duvide que em suas bases populares na periferia ele esteja pedindo votos  e  que venha votar  no candidato tucano. A identidade de Dunga com o povão é histórica e lastreia sua vida política desde seu primeiro mandato. Como já afirmamos, o PSDB tem essa pecha de partido das elites, dos ricos e é comum em suas reuniões vislumbrar-se carros importados, camionetes caríssimas e num tempo não distante fez uma de suas  reuniões no  ”Restaurante Terra do Boi” , um dos mais requintados e elitistas  da badalada Av. Brasília,  causando um enorme constrangimento entre aqueles poucos mais humildes que lá compareciam. Lideranças de bairros, lideranças comunitárias e afins, presença raras nessas reuniões e um vazio abissal entre as elites do partido e o povão dos bairros. Mesmo Edna Flor se sentia desconfortável entre o tucanato.
O presidente de direito do PSDB, Manoel Afonso é um pecuarista e parece pouco ou nada entender de política. Durante os meses que antecederam as convenções partidárias em junho, o PSDB fracassou na tentativa de atrair, de trazer para seu lado os partidos. Nesse período, conversaram com Dilador Borges o presidente do PSB, o Chinelo; Rosaldo Oliveira, do PV, e outros líderes dos chamados “nanicos”, que resultaram em nada. Todos acorreram ao chamamento do prefeito, deixando O PSDB apenas coligado com o PDT, totalmente esvaziado e que dificilmente elegerá um só representante. Sobraram ainda, o PPS de Edna Flor e Arlindo Araújo e ninguem mais,  o DEM e o nanico PRP. Faltou ao PSDB articulação, engenharia política, longas conversas com a intenção não só de trazer mais partidos para garantirem um maior tempo no rádio e TV como também a construção de uma sólida base de sustentação na Câmara. No caso de vitória de Dilador Borges, como conseguirá governar com 3 ou 4 vereadores, tendo uma forte e compacta oposição liderada pelo PT,PMDB e PTB ?!
Ai,  cairemos na vala comum da prática política brasileira. Sem maioria no legislativo, Dilador Borges enfrentará tenaz oposição e terá que negociar para ver aprovadas suas proposições. Se estabelecerá em Araçatuba, um clima de ingovernabilidade, intranquilidade político-institucional gerando crises e mais crises entre o executivo e o legislativo, causando danos irreparáveis à cidade. Qualquer criança na paróquia sabe muito bem como se processam essas negociações em busca de se conseguir uma base política de sustentação, que o diga o vereador Joaquim da Santa Casa e sua tenebrosa mas verdadeira história do “saco de dinheiro”.  O PSDB pecou por faltar gente capacitada para negociar, para articular  a formação de uma ampla força de partidos e agora paga o preço por este erro. Dispõe de uns magros cinco minutos na TV e rádio, lançou uma meia dúzia de candidatos com potencial de vitória e o restante, uma maioria de figuras inexpressivas que no “fritar dos ovos” individualmente não arrancam 100 votos.  A saída de Edna Flor, da chapa como vice, balançou as estruturas do tucanato, desorganizando um programa anteriormente estabelecido. Tendo que aceitar Clarice Andorfato, cujo nome é ligado ao grupo de sua família que nos anos 90 provocou a falência de consórcios, que sofrendo intervenção direta do Banco Central, lesou milhares de pessoas não só em Araçatuba como no país, o  PSDB terá que manter uma ”brigada contra incêndios”  em permanente plantão, para administrar possíveis focos com altíssimas labaredas, pois com esta estiagem, com esta seca, o primeiro destes,  foi apenas um sinal daquilo que está por vir. Quem viver verá!     

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