Vereadores: Vamos tratar de
números
Aberta a temporada do famigerado
Horário Eleitoral Gratuito (imaginem se tivéssemos que pagar!), já se tem uma
ideia da cara de cada um dos postulantes à uma cadeira na Câmara Municipal de
Araçatuba. Dispensavel maiores comentários sobre os candidatos. A coligação pró-Dilador com 5 partidos, lançou apenas 46 nomes
enquanto que a coligação pró-Cido Sério com 17 partidos, apresenta 96
candidatos. Por ai já se vê enorme
vantagem do grupo do atual prefeito que fatalmente fará entre 60 a 70% das
cadeiras (num total de 12), ou seja, entre 7 a 8 edis. O grupo de Dilador (hoje
oposição) matematicamente não conseguirá eleger
uma maioria, devendo manter o mesmo número atual, ou seja 4 edis. E a
razão é muito simples, é lógica, incontestável. Com mais que o dobro de
candidatos a vereador num universo de 17 partidos, o atual prefeito terá folga
para arrebanhar mais votos e fazer um número maior para o chamado coeficiente
eleitoral, havendo aqueles chamados candidatos puxadores de votos que ajudam
garantir as últimas vagas para postulantes que não tenham atingido um número
razoável de votos, ou seja, quem se candidatou do lado do atual prefeito, reúne
maiores chances de chegar lá enquanto que o grupo de oposição terá imensa
dificuldade impondo que o candidato tenha que obter um número bem mais alto de
votos e mesmo assim correndo o risco de não se eleger, como é o caso do
ex-vereador Dunga que fez um péssimo negócio, mesmo contra sua vontade, ao
bandear-se para o lado de Dilador e não tendo seu partido, o DEM, coligado com
o PSDB na proporcional. Na prática, um candidato do lado de Cido Sério, pode
eleger-se com menos votos que Dunga que ficará de fora da próxima legislatura,
a manter-se esta equivalência. E por quê isso acontece ?
O PSDB é visto como um partido de
elite, de ricos e não conseguiu abrir-se
para a periferia. Desde a eleição de 2010, Dilador Borges encontrou imensa
dificuldade para penetrar nos setores mais pobres da população, razão pela qual
a candidatura de Edna Flor (PPS) como sua vice, foi de há muito, vista como um
“passaporte” para atingir, para chegar no coração da pobreza. Durante mais de
um ano, essa candidatura foi alimentada, construída, contudo, inexplicávelmente
faltando um mês para as convenções partidárias, Edna Flor abandonou o barco
tucano e Dilador Borges pego de surpresa não teve outra alternativa
que não engolir a indicação de Clarice Andorfato, do DEM, quase que à
“fórceps”, desagradando enorme parcela do PSDB e do próprio DEM, cujo presidente
Dunga, desejava compor-se com o PT e não escondia este fato de ninguém. Dunga
declarou semanas antes da convenção –
“sou Cido Sério e na abro”. Há quem duvide que em suas bases populares na
periferia ele esteja pedindo votos e que venha votar no candidato tucano. A identidade de Dunga com
o povão é histórica e lastreia sua vida política desde seu primeiro mandato.
Como já afirmamos, o PSDB tem essa pecha de partido das elites, dos ricos e é
comum em suas reuniões vislumbrar-se carros importados, camionetes caríssimas e
num tempo não distante fez uma de suas reuniões no
”Restaurante Terra do Boi” , um dos mais requintados e elitistas da badalada Av. Brasília, causando um enorme constrangimento entre
aqueles poucos mais humildes que lá compareciam. Lideranças de bairros,
lideranças comunitárias e afins, presença raras nessas reuniões e um vazio
abissal entre as elites do partido e o povão dos bairros. Mesmo Edna Flor se
sentia desconfortável entre o tucanato.
O presidente de direito do PSDB,
Manoel Afonso é um pecuarista e parece pouco ou nada entender de política.
Durante os meses que antecederam as convenções partidárias em junho, o PSDB
fracassou na tentativa de atrair, de trazer para seu lado os partidos. Nesse
período, conversaram com Dilador Borges o presidente do PSB, o Chinelo; Rosaldo
Oliveira, do PV, e outros líderes dos chamados “nanicos”, que resultaram em
nada. Todos acorreram ao chamamento do prefeito, deixando O PSDB apenas
coligado com o PDT, totalmente esvaziado e que dificilmente elegerá um só
representante. Sobraram ainda, o PPS de Edna Flor e Arlindo Araújo e ninguem
mais, o DEM e o nanico PRP. Faltou ao
PSDB articulação, engenharia política, longas conversas com a intenção não só
de trazer mais partidos para garantirem um maior tempo no rádio e TV como
também a construção de uma sólida base de sustentação na Câmara. No caso de
vitória de Dilador Borges, como conseguirá governar com 3 ou 4 vereadores, tendo
uma forte e compacta oposição liderada pelo PT,PMDB e PTB ?!
Ai, cairemos na vala comum da prática política
brasileira. Sem maioria no legislativo, Dilador Borges enfrentará tenaz
oposição e terá que negociar para ver aprovadas suas proposições. Se
estabelecerá em Araçatuba, um clima de ingovernabilidade, intranquilidade político-institucional
gerando crises e mais crises entre o executivo e o legislativo, causando danos
irreparáveis à cidade. Qualquer criança na paróquia sabe muito bem como se
processam essas negociações em busca de se conseguir uma base política de
sustentação, que o diga o vereador Joaquim da Santa Casa e sua tenebrosa mas
verdadeira história do “saco de dinheiro”. O PSDB pecou por faltar gente capacitada para
negociar, para articular a formação de
uma ampla força de partidos e agora paga o preço por este erro. Dispõe de uns
magros cinco minutos na TV e rádio, lançou uma meia dúzia de candidatos com
potencial de vitória e o restante, uma maioria de figuras inexpressivas que no
“fritar dos ovos” individualmente não arrancam 100 votos. A saída de Edna Flor, da chapa como vice,
balançou as estruturas do tucanato, desorganizando um programa anteriormente
estabelecido. Tendo que aceitar Clarice Andorfato, cujo nome é ligado ao grupo
de sua família que nos anos 90 provocou a falência de consórcios, que sofrendo
intervenção direta do Banco Central, lesou milhares de pessoas não só em
Araçatuba como no país, o PSDB terá que
manter uma ”brigada contra incêndios” em
permanente plantão, para administrar possíveis focos com altíssimas labaredas,
pois com esta estiagem, com esta seca, o primeiro destes, foi apenas um sinal daquilo que está por vir.
Quem viver verá!
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