sábado, 14 de janeiro de 2017

Depois do Pepino...

...Nava, o breve

Depois de intensa atuação na campanha tucana, Ermenegildo Nava não durou nem duas semanas no cargo. Foi breve sua estadia na administração. 

Em um reino distante, lá por volta de 751 d.C. existiu um rei, no reino dos Francos, da Dinastia Carolíngia, chamava-se Pepino III, o “Breve”. Notabilizou-se por ser filho de Carlos Martel, o “prefeito do palácio” e ser pai do grande Carlos Magno que, em 800 d.C. criaria o Sacro Império Romano-Germânico. Esse “breve” como apelido desse rei, tem pouca explicação. Nada a ver com o tempo. Os historiadores se divergem sobre isso. Há controvérsias. Há duas correntes. Uma indica que Pepino, o “Breve”, era muito baixo para os padrões físicos exigidos para um rei à época. Outros defendem a hipótese de que se debatia com o grande problema da ejaculação precoce. Eram as conversas reservadas na corte. Bem, deixemos esse Pepino e vamos discutir sobre o nosso momento político, turbulento que tivemos esta semana. Araçatuba acaba de conhecer Nava, o “breve”. Para alguns, “brevíssimo”. Nomeado pelo prefeito Dilador Borges, logo após a posse, Ermenegildo Nava, nem teve tempo de esquentar a cadeira do tão sonhado e ambicionado cargo de Secretário Municipal dos Negócios Jurídicos. Foi defenestrado do cargo depois de meros 13 dias, ou 9 dias, segundo sua própria versão. Isso somou-se pouco mais de 200 horas, mas cuja maior parte do tempo teve que explicar-se sobre estranhas nomeações de parentes e agregados na administração municipal.


Ermenegildo Nava, ex-promotor de justiça, ex-cartorário, ex-vereador, com uma larga carreira jurídica, pavimentou a estrada política que o levaria a este cargo, pensando nos detalhes mínimos para conseguir a realização desse ambicioso sonho. No início de 2016, já anunciava que não tentaria a reeleição para a câmara, mas que estava à disposição de Dilador Borges, para assessorá-lo e ao seu grupo político sobre assuntos jurídicos durante a campanha eleitoral que se aproximava e que trabalharia de graça. Nava repetiu essa frase inúmeras vezes. Demonstrava uma total segurança e convicção na vitória tucana, como e fato se consumou. Eleito, Dilador Borges não teve alternativa e nomeou Nava no sonhado cargo. Mas mal nasceu o sol na tão esperada semana dos tucanos reinando sobre Araçatuba, explodiu as primeiras denúncias sobre as nomeações de uma irmã e nora de Nava. Em seguida, nomeações de pessoas ligadas ao seu escritório.


Nava, o “breve”, no início socorreu-se de pareceres forjados às pressas por pessoas inexperientes e sob sua autoridade. Defendeu-se alegando não ser nepotismo e que tais nomeações ele não havia pedido e nem tinha conhecimento, jogando sobre seu filho essa responsabilidade. Era tarde demais. Depois apareceram as doações feitas por Nava para os cofres da campanha tucana. Inicialmente, assustado, pressionado principalmente através das redes sociais, Dilador contemporizou, atenuou o problema. A vice-prefeita Edna Flor, que a vida toda defendeu a ética, a moralidade pública, decência no trato da coisa pública, se viu cercada por questionamentos e teve que dar um veredicto fatal. Alguns vereadores da bancada situacionista defenderam a saída de Nava e a demissão dos nomeados. Dilador fechou os ouvidos, preferiu sangrar o episódio, esperando que a situação se acalmasse. Não adiantou. A pressão aumentou, a fervura cresceu e no final do expediente desta 6ª. Feira. Nava foi “aconselhado” a pedir exoneração.


Setores políticos acusam o prefeito de ser omisso, fechar os olhos à gravidade da situação. Para um partido e um candidato que há 10 anos prega o respeito ao dinheiro público, um partido cheio de vestais, gente proba, honesta, de bem, de conduta ilibada, todos cheios de virtudes peregrinas, este episódio não se esgota com a saída tão “breve” de Nava. Existem outras nomeações no mínimo estranhas, comprometedoras. Grupos de pessoas e advogados estudam caso a caso. Dilador Borges ter que enfrentar logo de início uma Ação por Improbidade, pode inviabilizar o governo de forma breve também. Cido Sério (PT), ex-prefeito, penou, padeceu durante seus 8 anos de mandato respondendo a inúmeros questionamentos jurídicos, que, se tivessem o mínimo de bom senso, racionalidade, seriam evitados. A “brevíssima” passagem de Nava pelo governo, é um sinal de que a sociedade está atenta, está cansada de pagar tributos e mais tributos para manter esta casta de gente que se acha intocável, manter esta estrutura imoral, nesse relacionamento incestuoso entre a administração pública e partidos e grupos políticos.  



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