...Nava, o breve
Depois de intensa atuação na campanha tucana, Ermenegildo Nava não durou nem duas semanas no cargo. Foi breve sua estadia na administração.
Em
um reino distante, lá por volta de 751 d.C. existiu um rei, no reino
dos Francos, da Dinastia Carolíngia, chamava-se Pepino III, o
“Breve”. Notabilizou-se por ser filho de Carlos Martel, o
“prefeito do palácio” e ser pai do grande Carlos Magno que, em
800 d.C. criaria o Sacro Império
Romano-Germânico. Esse
“breve” como apelido desse rei, tem pouca explicação. Nada a
ver com o tempo. Os historiadores se divergem sobre isso. Há
controvérsias. Há duas correntes. Uma indica que Pepino, o “Breve”,
era muito baixo para os padrões físicos exigidos para um rei à
época. Outros defendem a hipótese de que se debatia com o grande
problema da ejaculação precoce. Eram as conversas reservadas na
corte. Bem, deixemos esse Pepino e vamos discutir sobre o nosso
momento político, turbulento que tivemos esta semana. Araçatuba
acaba de conhecer Nava, o “breve”. Para alguns, “brevíssimo”.
Nomeado pelo prefeito Dilador
Borges, logo após a posse, Ermenegildo Nava, nem teve tempo de
esquentar a cadeira do tão sonhado e ambicionado cargo de Secretário
Municipal dos Negócios Jurídicos. Foi defenestrado do cargo depois
de meros 13 dias, ou 9 dias, segundo sua própria versão. Isso
somou-se pouco mais de 200 horas, mas cuja maior parte do tempo teve
que explicar-se sobre estranhas nomeações de parentes e agregados
na administração municipal.
Ermenegildo
Nava, ex-promotor de justiça, ex-cartorário, ex-vereador, com uma
larga carreira jurídica, pavimentou a estrada política que o
levaria a este cargo, pensando nos detalhes mínimos para conseguir a
realização desse ambicioso sonho. No início de 2016, já anunciava
que não tentaria a reeleição para a câmara, mas que estava à
disposição de Dilador Borges, para assessorá-lo e ao seu grupo
político sobre assuntos jurídicos durante a campanha eleitoral que
se aproximava e que trabalharia de graça. Nava repetiu essa frase inúmeras vezes. Demonstrava
uma total segurança e convicção na vitória tucana, como e fato se
consumou. Eleito, Dilador Borges não teve alternativa
e nomeou Nava no sonhado cargo. Mas mal
nasceu o sol
na tão
esperada semana dos tucanos reinando sobre Araçatuba, explodiu as
primeiras denúncias sobre as nomeações de uma irmã e nora de
Nava. Em seguida, nomeações de pessoas ligadas ao seu escritório.
Nava,
o “breve”, no início socorreu-se de pareceres forjados às
pressas por pessoas inexperientes e sob sua autoridade. Defendeu-se
alegando não ser
nepotismo e que tais nomeações ele não havia pedido e nem tinha
conhecimento, jogando sobre seu filho essa responsabilidade. Era
tarde demais. Depois
apareceram as doações feitas por Nava para os cofres da campanha
tucana. Inicialmente,
assustado, pressionado principalmente através das redes sociais,
Dilador contemporizou, atenuou o problema. A vice-prefeita Edna Flor,
que a vida toda defendeu a ética, a moralidade pública, decência
no trato da coisa pública, se viu cercada por questionamentos e teve
que dar um veredicto fatal. Alguns vereadores da bancada
situacionista defenderam a saída de Nava e a demissão dos nomeados.
Dilador fechou os ouvidos, preferiu sangrar o episódio,
esperando que a situação se acalmasse. Não adiantou. A pressão
aumentou, a fervura cresceu e no final do expediente desta 6ª.
Feira. Nava foi “aconselhado” a pedir exoneração.
Setores
políticos acusam o prefeito de ser omisso, fechar os olhos à
gravidade da situação. Para um partido e um candidato que há 10
anos prega o respeito ao dinheiro público, um partido cheio de
vestais, gente proba, honesta, de bem, de conduta ilibada, todos
cheios de virtudes peregrinas, este episódio não se esgota com a
saída tão “breve” de Nava. Existem outras nomeações no mínimo
estranhas, comprometedoras. Grupos de pessoas e advogados estudam
caso a caso. Dilador Borges ter que enfrentar logo de início uma
Ação por Improbidade, pode inviabilizar o governo de forma breve
também. Cido Sério (PT), ex-prefeito, penou, padeceu durante seus 8
anos de mandato respondendo a inúmeros questionamentos jurídicos,
que, se
tivessem o mínimo de bom senso, racionalidade, seriam evitados. A
“brevíssima” passagem de Nava pelo governo, é um sinal de que a
sociedade está atenta, está cansada de pagar tributos e mais
tributos para manter esta casta de gente que se acha intocável,
manter esta estrutura imoral, nesse relacionamento incestuoso entre a
administração pública e partidos e grupos políticos.
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