O vereador Rivael
Papinha (PSB), abriu uma nova frente de instabilidade na já combalida base de
sustentação ao governo de Cido Sério na Câmara Municipal. Desta feita, o
vereador reclama ter sido preterido, ignorado pelo prefeito, pelo cerimonial
que organizou a visita do ministro Alexandre Padilha, da Saúde, que esteve em
Araçatuba na semana passada para
inaugurar a UBS – Unidade Básica de Saúde “Antonio Saraiva”, lá no bairro
Iporã, justamente sua base eleitoral. Papinha sequer foi convidado pra subir ao
palanque, não teve seu nome mencionado ao microfone nem deixaram êle falar aos
presentes. Perder uma chance desta diante de centenas de moradores que viram o
prefeito entregar um novo local de atendimento médico, fez com que Rivael
Papinha, aliado do prefeito, ensaiasse uma rebelião. Ele quer inclusive
questionar a prefeitura sobre quem pagou as despesas da visita do ministro da
Saúde. Papinha não deixa de certa forma em ter razão. Se não vejamos — além do
ministro Padilha, vieram na comitiva, três deputados federais petistas que obviamente
ensaiam desembarcar de paraquedas por estas bandas no próximo ano. Ameaçando ser
candidato a deputado federal pelo PSB, Papinha perdeu a valiosa chance de ali,
mostrar que lutou, que empreendeu ingentes esforços para que obra se tornasse realidade já que a casa
particular onde antes funcionava o posto de atendimento, estava desabando.
Engrossa ainda mais o discurso do vereador do PSB que até o ex-deputado do DEM,
Jorginho de Faria Maluly foi lembrado e até homenageado, mesmo estando cassado,
mesmo estando sem partido, mesmo sendo de um grupo político adversário do PT,
foi melhor tratado que ele. Segundo consta, parte da verba destinada à obra
nasceu de emenda parlamentar quando Jorginho Maluly era deputado federal. A
irritação de Rivael Papinha tem sentido e servirá de munição para que o mesmo
se distancie ainda mais do Palácio da Rodoviária, posto que por caminhos
incertos ou não, ele será arrastado a isto. Seu partido, o PSB, cujo líder maior
é o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, ensaia abandonar o governo e
lançar-se candidato a presidente contra Dilma.
É preciso lembrar que a presença de três deputados ao lado do
ministro Alexandre Padilha, só vem reforçar uma situação anômala que ocorre em
Araçatuba em todas as eleições nacionais,
que é a invasão de inúmeros candidatos desconhecidos, os paraquedistas, que,
com sacos e sacos de dinheiro compram
presidentes de partidos locais e outras lideranças no afã de abocanharem alguns
votos. E não falta gente sem escrúpulo, gente descompromissada com a cidade que
vende seus préstimos eleitorais em troca de dinheiro. Isso ocorre há décadas e
esta tem sido a principal razão de Araçatuba não conseguir eleger nem um
deputado federal nem um estadual. Jorginho Maluly (ex-DEM) na última eleição teve 77 mil votos, o que
não lhe garantiu sequer uma suplência como antes acontecera. E nesse diapasão,
veem aqueles candidatos, aliás, nem veem, mas por causa do nome conhecido, por
causa de fama motivada por outras razões, acabam arrastando milhares de votos.
Como foi o caso do costureiro Clodovil, que mesmo não vindo aqui durante a
campanha, arrancou 2.700 votos. E Tiririca? Sem pisar em Araçatuba, teve seis
mil votos! Infelizmente, parte do eleitorado de Araçatuba não tem consciência
política, não tem visão. É uma grande parcela do eleitorado, alienada, descomprometida
com a cidade e que pratica esta verdadeira autofagia eleitoral, deixando de
votar nos candidatos da terra. Depois, vemos a choradeira, a inevitável
comparação de que Araçatuba perde para Rio Preto, para Prudente e por quê?
Porque o eleitor é safado, é irresponsável, vota em paraquedistas, vende seu
voto para estranhos. Birigui, mesmo com a péssima reputação, reelege Roquinho
Barbiere há séculos! E Birigui tem metade do eleitorado de Araçatuba. Hoje, o
prefeito Cido Sério é obrigado a correr, a pedir favores para Roquinho
Barbieri. É uma vergonha esta situação.
Agora, com o pleito eleitoral em 2014, os pretensos candidatos
começam a aparecer, e um interminável desfile de nomes surge: Cidinha Lacerda,
Rivael Papinha, Carlos Hernandes, o prefeito Cido Sério, Chinelo, vereador
Cláudio Henrique, Profa. Durvalina, Dunga, Luiz Gomes, vereador Rosalvo
Oliveira, o ex-prefeito Borini (de Birigui), Dilador Borges, Jorginho Maluly
(neto) etc. Sem contar inúmeros paraquedistas que vão aparecer com o canto de
sereia de sempre. Infelizmente, a
reforma política repousa em alguma gaveta empoeirada em Brasília e ninguém,
nenhum deputado ou senador se interessa em instituir o voto distrital ou distrital
misto. Como acontece nos países modernos, onde o eleitor tem que votar obrigatoriamente
apenas nos candidatos da sua cidade, sua região ou distrito, isso acabaria com
essa figura vergonhosa dos candidatos que só aparecem de quatro em quatro anos.
Rivael Papinha, mesmo discordando de seus posicionamentos políticos, foi
reeleito à Câmara Municipal com mais de quatro mil votos, num reconhecimento de
seu trabalho no primeiro mandato, sempre buscou lutar pela zona sul da cidade,
Jussara, Guanabara, Iporã, Traitu e adjacências. Deveria e merecia ter usado a
palavra neste evento, mas infelizmente por conta de seus últimos pronunciamentos
e posicionamentos contrários ao interesse do prefeito, já deve estar sendo “fritado”
em fogo brando. Coisas da política.