Araçatuba inteira contra o aterro sanitário!
Alguem em sã consciência pode imaginar esta região, este manto sempre verde transformado num lixão, num aterro sanitário? (foto: FOLHA DA REGIÃO)
Mesmo sem querer, o Grupo Estre (CGR-Guatapará)
conseguiu algo improvável — uniu Araçatuba inteira contra esta infeliz
iniciativa de instalar no bairro rural da Água Limpa, um centro de
reaproveitamento de resíduos sólidos, ou em outras palavras, um aterro
sanitário que, segundo a empresa irá trazer inúmeros benefícios para a cidade e
região, benefícios estes que o diretor da empresa Pedro Stech e o grupo de
assessores técnicos e advogados não conseguiram provar, mostrar e convencer a
população presente à audiência pública realizada na semana passada na Câmara
Municipal, atendendo a pedido do vereador Rosaldo de Oliveira (PV). A cidade de
Araçatuba está fortemente unida e disposta a lutar contra a intenção desse
grupo que adquiriu sem que ninguém soubesse, uma área de 73 hectares numa
região nitidamente voltada para a agricultura familiar, tradicionalmente
produtora de banana, café, frutas e verduras, inclusive adquiridas pela própria
prefeitura para compor a merenda escolar da rede pública de educação. Setores ligados à sociedade civil,
sindicatos, grupos organizados, a Associação Comercial, o Siran, a Cobrac, a
OAB, professores, estudantes, gente do povo, principalmente as tradicionais
famílias que vivem naquela região há quase cem anos, na Prata Pratinha,
Jacutinga, Água Limpa e Córrego do Roberto, da noite para o dia perderam o sono
e estão se mobilizando de todas as formas para impedir que este fato se
concretize. Temem a contaminação de uma nascente no próprio local do aterro, os
córregos, riachos, o lençol freático, a preocupação com a movimentação diária
de centenas de caminhões de lixo vindos de 31 cidades da região e, até de
outros estados bem como o perigo representado pelo chorume.
O interessante deste lamentável
episódio é que o então candidato tucano à prefeitura municipal, Dilador Borges,
no debate realizado por iniciativa do jornal LIBERAL REGIONAL e o SBT/TVI,
chegou a mencionar, denunciar que um grupo de Ribeirão Preto estaria envolvido
na compra desse terreno. Dilador Borges acabou se perdendo no debate, com uma
péssima assessoria de marcketing político
não soube aprofundar uma investigação num fato tão relevante que ameaçava o povo de
Araçatuba. Caso o então candidato tucano tivesse efetuado um levantamento do
perigo que batia à porta dos araçatubenses, tivesse esclarecido, trazido para o
debate político um tema tão crucial, certamente teria mudado os rumos da
campanha e, poderia até quem sabe hoje, ser o prefeito eleito. O pessoal incompetente que produzia os
programas de rádio e TV do PSDB estavam mais preocupados com uma tal “Kombi do
Dila” que cochilaram, esqueceram este tema tão caro e também esqueceram de
explorar mais a concessão do DAEA. É bom lembrar que os tucanos esqueceram isto,
que na campanha de 2008, os petistas usaram uma candidata de fachada para atacar
Dilador afirmando inclusive através de um folheto espalhado por toda a cidade
de que caso eleito, Dilador é que venderia o DAEA. E o que aconteceu? Caso os tucanos tivessem aprofundado o debate
nesta direção abordando estes dois temas, fatalmente a população mudaria o rumo
de seu voto. Mas...
A audiência pública na edilidade
contou coma presença dos vereadores, Jaime José da Silva, Beatriz Nogueira,
Gilberto Batata, Rosaldo Oliveira, Carlinhos do 3º DP, Edna Flor, Arlindo
Araújo, Cido Saraiva, Cláudio Henrique. A vereadora Tieza esteve presente
apenas na abertura e logo saiu. O vereador Cláudio Henrique, que presidiu a audiência, também saiu
alegando compromissos pessoais. Ausentes, o Dr. Nava e Papinha. O vereador
Rosaldo Oliveira, do PV que pediu a reunião, apertou com toda força o diretor
da Estre e seus assessores levando Pedro Stech à uma situação de desconforto e
desconfiança. Mas, como sempre, o vereador Arlindo Araujo, opositor permanente
execrou publicamente os representantes da empresa chamando inclusive Pedro
Stech de mentiroso e que ele não sabia absolutamente nada sobre o projeto ao
negar informações sobre o total do lixo
a ser processado, a quantidade que virá de outras cidades, preço por tonelagem,
destinação específica, etc. Em dado momento, Pedro Stech suava frio e seu
assessor principal, de nome Alex não escondia a irritação diante de tanta
pressão e questionamentos. Os vereadores Batata, Cido Saraiva, Carlinhos do 3º
DP também pressionaram intensamente os representantes da Estre. A vereadora
Edna Flor fez um discurso apaixonado, agressivo e atacou de forma violenta a
iniciativa desses empresários em querer trazer para Araçatuba um aterro
sanitário, instalado uma área essencialmente agrícola onde moram famílias
descendentes dos primeiros imigrantes que aportaram em Araçatuba no começo do
século passado, atraídos pela cultura cafeeira. Estranhamente, mesmo os
vereadores da bancada situacionista não pouparam críticas ao projeto. A
vereadora Beatriz Nogueira, de quem se esperava uma participação mais intensa
nos debates, permaneceu o tempo todo calada e suas duas únicas intervenções
foram muito tímidas. Há que se destacar que mesmo para os vereadores que
defendem o Executivo, o projeto se apresenta de forma muito perigosa que pode
vir inclusive ameaçar a própria reeleição de cada um, visto ser um tema
indigesto, inaceitável e que no futuro pode trazer muita dor-de-cabeça aos edis.
Isso foi uma demonstração inequívoca de que o prefeito Cido Sério não terá
mesmo vida fácil como teve na legislatura passada quando os vereadores da base
de sustentação governista agiam de forma submissa e diziam amém a tudo que
vinha do Palácio da Rodoviária.
Temos que destacar, enaltecer a
presença maciça dos líderes comunitários da zona rural, o Gelsino Augusto da
Silva, o José Antonio Ribeiro, o Leandro Fernandes que conduzem um grupo
organizado, promovendo reuniões, debates. Por outro lado, a cidade atua de
forma a fortalecer o pessoal da Água Limpa. A jornalista Salomé Macedo lidera
um outro grupo que conta com centenas de adesões, distribuem camisetas, adesivos,
colhem assinaturas contra a iniciativa e até uma grande carreata está
programada para o próximo dia 23. Interessante
destacar que esse grupo se preparou intensamente com perguntas que
deixaram desconcertados os representantes da Estre-Guatapará. O jovem advogado
Leonardo Sartori da Silva, levou Pedro Stech ao desespero quando questionou o
Reima do projeto onde aponta que a temperatura média máxima de Araçatuba está
na casa dos 27º. O fato arrancou risos pois todos sabem que Araçatuba é a
própria antecâmara do inferno em matéria de temperatura, demonstrando um furo
inaceitável no projeto em mãos da CETESB que dará a palavra final sobre o
assunto. Salomé Macedo, demonstrando
profundo conhecimento de quem estudou bem o relatório, deixou Pedro Stech “nú”
diante de todos. Os moradores da Água Limpa e região, os vereadores e o povo
presente na audiência saíram desta com uma única certeza — Pedro Stech é um
aventureiro, não respondeu de forma clara e precisa muitas questões ali
apresentadas e, pior — demonstra não ter um controle efetivo sobre o projeto,
em vários momentos respondeu não saber isto, aquilo, valores, medidas, preços, distancias,
etc. Ficou devendo muitas e muitas explicações que a sociedade organizada,
unida quer saber.
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