A cassação do vereador “dom Juan” de Guararapes
Prá variar, o mundo político da região esta semana foi surpreendido com a cassação do mandato do vereador Luiz Antonio Fávaro ( PSDB), de Guararapes, acusado de ter feito 79 ligações telefônicas de um celular corporativo da câmara, com a finalidade de assediar uma senhora casada. Ele falou ao todo, cerca de 173 minutos ao custo de R$ 35,54. A decisão foi tomada pelo juiz Dr. Heverton Goulart que além de cassar-lhe o mandato, suspendeu seus direitos políticos por 8 anos, por improbidade administrativa, ficando inclusive proibido de contratar com o poder público, participar de licitações, etc. O vereador que está terminando o primeiro mandato, é cabeleireiro profissional e figura bastante conhecida na pequena e pacata Guararapes. O juiz determinou que ele devolva aos cofres públicos a quantia (bagatela) de R$ 35,54. Ele vai recorrer e, por enquanto continua no cargo.
O que chama a atenção neste lamentável incidente é o fato, as motivações alegadas pelo edil. Em sua defesa ele afirma que ligava para esta senhora para acompanhar o andamento do tratamento médico do pai da mesma, demonstrando uma invulgar e excessiva preocupação para com uma munícipe. Se todos os vereadores e deputados agissem assim, com todo esse interesse para com os cidadãos deste país, seria ótimo. Só que esses fracos argumentos não convenceram o ilustre magistrado da Comarca de Guararapes que para muitos foi duro na aplicação da lei. Segundo alguns políticos entre os quais o prefeito da cidade, conhecido como Dedê, “o juiz exagerou na dose...não precisaria ser tão duro...só por causa de uns poucos telefonemas...” . A gravidade do problema reside no fato de que a senhora já identificada, Juliana Carvalho de Souza, de 28 anos, é casada, trabalha numa industria da cidade e sofreu sim um criminoso assédio, uma coação, um constrangimento inadequado, principalmente partindo de uma figura representativa que deveria ser exemplo de retidão, de respeito a “res pública”.
Segundo a assediada, desde 2009 o vereador faz ligações para sua casa, com galanteios e insinuações desprovidas de moral e respeito. Ela declarou à imprensa que “ele se dizia ser seu admirador”. Contudo não sabia de quem tratava. Mesmo mudando o telefone, as ligações continuaram no seu celular. Ela só descobriu que o vereador Fávaro era o autor das ligações devido a um cartão de visita do mesmo, que lhe foi dado. Em uma dessas ligações ele não deixou o celular corporativo no status “desconhecido” e esse foi seu erro. Mesmo sendo descoberto, persistiu no crime e passou a perseguir Juliana de Souza e seu marido. Até a esposa do vereador acabou se envolvendo no “affair” e acusava Juliana de esta sim, estar dando em cima de seu marido. Imagine-se a situação desta família, as gozações que tiveram que enfrentar. Juliana teve um filho e os amigos e colegas de trabalho de seu marido em tom de gozação chegavam a por em dúvida a paternidade deste. No local de trabalho, não só sua vida como de seu marido viraram um inferno, quase ameaçando seu casamento.
Há que se destacar que o ilustre magistrado agiu no estrito e severo cumprimento do dever legal. Não está em jogo aqui o valor ínfimo de R$ 35,54, mas uma vida, a privacidade desta senhora, seu marido, sua família já que o assunto saltou dos limites da pequena Guararapes e alcançou as telas da mídia nacional. Folha da Região, O Liberal Regional, TV Tem, Band News, os sites UOL, Terra, Globo.Com, enfim esta família foi execrada publicamente, tendo suas vidas expostas pela irresponsabilidade, leviandade de alguém que deveria nortear sua vida e seu trabalho pelo bem da comunidade. O juiz Heverton Goulart atuou com brilhantismo e isenção pois se este vereador age dessa forma com um simples celular corporativo, como não deve agir noutras esferas do trabalho legislativo ? O submundo da política brasileira é marcado pela corrupção, pela bandalheira e pela roubalheira generalizada. Todos os dias estouram escândalos e mais escândalos envolvendo dos mais simples agentes públicos como este vereador em questão chegando aos mais altos cargos da República. É preciso que o Ministério Público aja sempre como o fez em Guararapes, o ilustre representante do Parquet, Cláudio Rogério Ferreira, bem como o magistrado Heverton Goulart. Não está apenas em jogo o valor de R$ 35,54, mas o respeito à lei, o respeito ao dinheiro público. E a dor da família agredida? Como fica esta senhora vilipendiada de formas leviana. Além da penalidade com a cassação do mandato, caberia à família ofendida processar este vereador não só pelo assédio em si, como também por constrangimento e coação, pedindo na justiça uma reparação por danos morais. É muito cinismo de políticos virem defender este vereador apregoando ter o juiz sido duro na pena. Ah! Se fosse na China...!
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