Pipa-Tibau do Sul: De volta ao paraíso!
Não foi por acaso que “descobri” a
belíssima praia de Pipa-Tibau do Sul, no ensolarado Rio Grande do Norte. Em
1994, eu trabalhava numa multinacional norte-americana, a “Seven-Eleven” na
capital paulista. Ocasionalmente folheava as páginas da extinta revista “Manchete”
e deparei-me com uma bela reportagem intitulada “Pipa – Aqui começa o paraíso”.
Apaixonei-me pelo lugar imediatamente e logo escrevi cartas para lá, para
algumas pessoas citadas na revista, buscando maiores informações. Era o fim do
mundo! Sem telefone, uma pequena vila de pescadores de camarão e lagosta, as
ruas empoeiradas e calçadas de pedras. Um lugar esquecido, mas belissimamente desenhado,
um mar azul, uma paisagem deslumbrante! Apenas pouco aventureiros, surfistas,
mochileiros se aventuravam a ir conhecer Tibau do Sul. Não havia ainda a
complexa e excelente rede hoteleira e gastronômica de hoje. A carência era
enorme. Pensei – “este é o lugar que
desejo”! Eu já era um grande aventureiro, já havia, nos anos 70 percorrido
milhares de quilômetros e já conhecia a totalidade dos estados brasileiros.
Decidi ir conhecer esse “paraíso”, lá chegando em outubro de 1994. Hospedei-me
numa famosa pousada da época, o “Bangalô do Nêgo”. Dias depois “virei” gerente
da pousada e passei a envolver-me com a comunidade, os colegas de trabalho, garçons,
garçonetes, cozinheiras, camareiras. Fui tomando pé da situação do lugar.
Logo de cara, ajudei os moradores da
comunidade, chamados de “nativos”, pelos
de fora, a fundar e organizar uma liga de futebol. Escrevi o estatuto e fui
escolhido o presidente. Não havia telefone fixo na localidade. Haviam 2
orelhões na modalidade “celular rural”. Tinha um que ficava numa salinha da
prefeitura e era chamado “telefone molecular” porque havia um moleque, o Sandro
de Freitas, que quando recebia ligações ele corria nas casas das pessoas para
dar o “recado” que alguém ligara e voltaria a ligar! Pasmem! Era assim!!! À noite,
por ser mais barato, as pessoas faziam enormes filas para telefonar ou receber
uma ligação. Era um infeRRRRno! Todo mundo escutava a conversa, não havia
privacidade! Logo depois, como diziam – “A
rua está cheia”. A fofoca oriunda das conversas ouvidas, se espalhava e não
faltavam brigas!!! Foi a primeira luta que tivemos. Eu era gerente de um outro
hotel e recepcionei um alto executivo da então TELEMAR. Inquiri ao mesmo a razão de não termos telefone
fixo, o turismo já era incipiente, surgia e havia grande dificuldade de
reservas. Começamos um movimento liderado pelo atual prefeito, Antonio Modesto,
à época vereador e sua esposa Gleide, era diretora da escola. Envolveu-se os
estudantes e logo o telefone fixo se tornou uma realidade na virada do século
em 1999.
A Praia do Giz em Tibau do Sul (RN) por volta de 1995 quando lá cheguei.
Já bem entrosado, comprei meu
primeiro lote e construí um chalé conhecido como “Ninho da Águia”. Fui
convidado para dar aulas de História e Geografia na Escola Municipal “Dr. Hélio
Galvão”, confesso que mais aprendi do que ensinei. Foi um grandiosa
experiência. Depois ajudei a fundar a associação dos bugueiros, dos barraqueiros
e das bordadeiras artesãs. Em 2002 minha irmã Jô e minha mãe Dna. Zina foram
morar lá comigo, mas não se adaptando, tivemos que voltar a Araçatuba. Fui
gerente do melhor e maior hotel de Tibau, o “Marinas Tibau do Sul”. Foi mais um
enorme aprendizado. Recebi muitos vip’s, globais e políticos importantes.
Recebi o embaixador de Portugal acompanhado do presidente da “Air Portugal” acompanhados de dezenas de jornalistas especializados em turismo.
Foi o começo grandioso e a abertura das portas da Europa para o turismo
potiguar. Fui vice-presidente da Polícia Comunitária (CONSEG). Mudei-me para a
comunidade de Bela Vista, onde construí uma casa grande. Abri e dei nome às
ruas. Tinha horta e muita plantação de milho e mandioca que distribuíamos aos
vizinhos e amigos. Nesta comunidade não havia luz elétrica nem água. Eu
instalei por minha conta 8 postes e puxei uns 500 metros de cano que vieram a
atender os demais moradores. Gente humilde demais.
Fui pesquisador do IBGE em 1996.
Juntei-me ao grupo político de Zé Odécio, a maior liderança política do lugar.
Foi prefeito, vereador, secretário municipal. Até hoje exerce forte influência
política. Seu filho, Antonio Henrique é vereador e herdou do pai o gosto pela
política. O prefeito atual é sobrinho de Zé Odécio. As campanhas eleitorais em
Tibau do Sul eram marcadas por forte posição dos partidários de Zé Odécio (de
Tibau do Sul) e de Walmir Costa (igualmente forte liderança da Praia de Pipa).
Apesar de ferrenhos adversários políticos, em 2004, esses dois grupos se uniram
elegendo Walmir Costa prefeito, o atual Antonio Modesto, como vice e Zé Odécio,
eleito vereador, foi presidente da Câmara. Foi um período de grande
desenvolvimento sócio-econômico lastreado no turismo que atraiu muito
investimento, especialmente de gringos que aplicaram milhões na compra de
terras, construíram novos hotéis, modernos equipamentos que tornaram Pipa um
destacado destino turístico em nível nacional e internacional.
Passei por Tibau do Sul, quase 14 dos
melhores anos de minha vida. Por iniciativa do ilustre vereador Antonio
Henrique (PSD), a Câmara Municipal aprovou o Projeto de Resolução, concedendo a
mim, o honroso e destacado título de “Cidadão Tibauense do Sul”, cuja sessão
solene, estarei presente na terça feira, dia 24. Desembarco em Natal nesta segunda
feira. Estou emocionado e ansioso para rever e abraçar velhos amigos, vizinhos,
ex-alunos, ex-colegas de trabalho. Nesses anos distantes, nunca esqueci nem
tirei os olhos da querida Tibau do Sul. Procurei divulgar ao máximo através das
redes sociais, artigos em jornais, a exuberante beleza do lugar, as praias com
seus golfinhos. Estimulei inúmeras pessoas, amigos a visitarem o Rio Grande do
Norte e não foram poucos que por lá passaram. Escrevo essas “bem traçadas
linhas”, na certeza de esclarecer as razões pelas quais a mim foi concedida
esta honraria. Certamente muitas pessoas aqui em Araçatuba desconhecem esses
fatos e estão “curiosas” do porquê desse título honorífico. Voltar ao Rio
Grande do Norte, será um enorme prazer, uma honra e uma rara oportunidade para
rever pessoas tão queridas!